domingo, 18 de outubro de 2009

A Guerra Civil Espanhola e Catagon


Enquanto a Europa se modernizava, na década de 1930, a Espanha vivia ainda num modelo arcaico monárquico, com o Rei Afonso XIII, tendo como os principais poderes o Exército, a Igreja, e o Latifúndio. Apesar de sua economia ter crescido rapidamente durante a 1a Guerra Mundial, os resultados desse crescimento não se refletiram em mudanças nas condições sociais. Nesse contexto, haviam de 2 a 3 milhões de camponeses pobres, que viviam submetidos ao trabalho rural nos feudos, e eram dominados pelos fidalgos, minoria proprietária de metade das terras da Espanha. Ainda, a Igreja Católica se opunha às reformas sociais e apoiava a elite agrária.


Com isso, iniciou-se um grande movimento operário para derrotar a monarquia. Na Catalunha, a principal região industrializada da Espanha, houve o primeiro movimento operário. A principal confederação sindical era a CNT (Confederación Nacional del Trabajo), inspirada no anarquismo. Após a fundação da CNT, o movimento se espalhou pelo país.
 

 

Como resultado da crise econômica de 1930, resultado da quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, a ditadura do General Primo de Rivera foi derrubada, e em seguida, a monarquia também caiu. O Rei Afonso XIII foi obrigado a exilar-se e proclamou-se a República em 1931, chamada de "República de trabajadores".



Com a queda da monarquia, esperava-se que a Espanha pudesse alinhar-se com seus vizinhos e iniciar uma reforma modernizante que beneficiasse os trabalhadores rurais, e que separasse Estado e Igreja, garantindo assim o pluripartidarismo político e a liberdade de expressão, além de conceder aos trabalhadores o direito de organizar sindicatos. Mas o país terminou por conhecer um violento enfrentamento de classes, visto que à crise seguida por uma profunda depressão econômica, provocando a frustração generalizada na sociedade espanhola.


Há então, a formação de partidos políticos. As esquerdas, uniram-se aos democratas liberais radicais. Essa frente estava dividida em diversos partidos e organizações:


Elas aliaram-se com os Republicanos (Ação republicana e Esquerda republicana) e mais alguns partidos autonomistas (Esquerda catalã, os galegos e o Partido Nacional Basco), formando a Frente Popular.


A Direita por sua vez estava dividida, agrupada na CEDA (Confederação das Direitas autônomas), no partido agrário, nos monarquistas e tradicionalistas, e nos fascistas da Falange espanhola.


A partir da vitória das esquerdas, surgiu um clima tenso entre as classes sociais, especialmente entre anarquistas e falangistas, que contribuiu para criar uma instabilidade política.


Em Dezembro de 1931, Alcalá Zamora é eleito presidente da República e encarrega Manuel Azaña de organizar um governo. O governo da República não consegue avançar na resolução da questão das autonomias regionais, nem no encaminhamento da questões agrária e trabalhista. Na questão religiosa, a governo Azaña dissolveu a Companhia de Jesus na Espanha, ficando preservadas as demais ordens religiosas, que no entanto foram proibidas de dedicar-se ao ensino. Comprimido entre a direita e a Igreja - que não concordavam com a separação Igreja e Estado,e a esquerda e os anarquistas - os quais consideravam as mesmas reformas insignificantes - o governo Azaña é incapaz de agradar a população.


Com milhares de militantes feitos prisioneiros, os anarquistas decidem apoiar a esquerda nas eleições de 1936. Espera-se que o novo governo lhes conceda anistia. A esquerda venceu em 16 de Fevereiro de 1936.


Mujeres%20LibresCom a direita revoltada, os militares invadiram e controlaram as regiões onde tinham sido mais votada a Frente Popular. No dia 18 de Julho de 1936, o General Francisco Franco coloca o Exército contra o governo republicano. Ocorre que nas principais cidades, como a capital Madri e Barcelona, a capital da Catalunha, o povo saiu as ruas e impediu o sucesso do golpe. Milícias anarquistas e socialistas foram então formadas para resistir o golpe militar. Foi nesse contexto, que um grupo de mulheres, militantes da CNT,que durante a Primeira Grande Guerra substituiram os homens em seus trabalhos,e agora reivindicavam os direitos iguais pela classe feminina, formam um grupo anarco-feminista, chamado Mujeres Libres.


A organização Mujeres Libres surgiu pela Revista%20Mujeres%20Libresiniciativa de três anarquistas – a médica pediatra Amparo Poch y Gascón (1902"1968), a advogada Mercedes Comaposada (1901"1994) e a poetisa Lucía Sanchez Saornil (1895"1970). Formada em Abril de 1936, a organização propôs-se lutar não só contra o Exército de Francisco Franco, mas também pela emancipação das mulheres espanholas, vítimas da ignorância, da opressão do Estado e da igreja e, de suas próprias famílias. Extremamente agilizada, a organização, em poucos meses, alcança uma ampla adesão das mulheres, espalhando-se por toda a Espanha e reunindo um número considerável de militantes. Algumas historiadoras estimam que tenha atingido até cerca de 30 ou 40 mil afiliadas.


Com o apoio das Mujeres Libres, os esquerdistas conseguiram dominar algumas áreas. O país em pouco tempo ficou dividido em duas repúblicas: uma dominada pelas forças do Gen. Franco e outra controlada pelos esquerdistas. Na república de Franco ocorreu então uma radical revolução social. As terras foram coletivizadas, as fábricas dominadas pelos sindicatos, assim como os meios de comunicação. Em algumas localidades, os anarquistas chegaram até a abolir o dinheiro.

 

Um avanço rápido de Sevilha a Toledo, possibilitou aos rebeldes direitistas , em Agosto de 1936, organizar um frente coerente contra o campo esquerdista e avançar sobre Madrid. Os esquerdistas , por sua vez, tentavam lentamente retomar o poder sobre Madrid. No início de 1937, uma ofensiva é apoiada pelo avanço de tropas de voluntários italianos fascistas na direção de Guadalajara. A resistência das Brigadas Internacionais republicanas frustra os planos das forças italianas e, como o golpe dos Direitistas não obteve sucesso, o conflito se tornou uma Guerra Civil, que teve até interferência internacional. O lado nacionalista de Franco conseguiu apoio dos nazistas e fascistas italianos, enquanto que Stalin enviou material bélico e assessores militares para o lado esquerdista,além da ajuda da França e a Inglaterra, que optaram pela não intervenção, porém milhares de voluntários foram à Espanha apóia-los .

 

Porém, a ofensiva da esquerda fracassa, pois tinham menos armas modernas do que os nacionalistas, e, ao invés de combinar ações defensivas com a infiltração de guerrilheiros na retaguarda franquista, preferiam tentar vitórias convencionais. Estas ofensivas, que não tinham um alvo estratégico claro, soldaram-se sempre com enormes perdas de homens e equipamento, destruindo cada vez mais a Frente Popular.

 

No final de 1937, os de esquerda tomam a iniciativa e fazem uma ofensiva na direção de Teruel, que é tomada em 8 de Janeiro de 1938, porém recuperada pelos franquistas em 20 de Fevereiro. A contra-ofensiva franquista toma Vinaroz em 15 de Abril, atingindo o Mar Mediterrâneo, e a zona esquerdista remanescente é dividida em duas partes, isolando a Catalunha.

 

A superioridade militar do Gen. Franco foi fator decisivo na sua vitória sobre a República Esquerdista. Em Janeiro de 1939, as tropas do gen. Franco entram em Barcelona e, no dia 28 de Março, Madri se rende aos militares depois de ter resistido a poderosos ataques por quase três anos, colocando um fim na Guerra Civil Espanhola.

 

Como os esquerdistas não tinham mais recursos para destruir os militares, a iniciativa das Mujeres Libres foi de transformar a isolada Catalunha em uma nação anarquista. Muitos esquerdistas, então, aderiram ao grupo anarco-feminista e, as regiões que estavam dominadas por eles, a região de Aragão, e a região isolada da Catalunha, formaram portanto o Estado de Catagon, que se declarou independente da Espanha, através de um última batalha antecessora chamada Batalha da Independência, quando estabeleceu suas fronteiras, instalando postos com voluntários de prontidão, para impedir que houvesse um ataque surpresas dos militares espanhóis. Catagon estabeleceu um tratado com a Espanha e consolidou-se em maio de 1939 como um país socialista , com êxito das Mujeres Libres, que se tornaram símbolo de Catagon.

Um comentário:

  1. A parte histórica está muito boa.
    Acho que vale linkar algumas informações dando a fonte.

    Vale muito a pena vcs verem um filme lindo chamado "Terra e Liberdade" sobre a revolução espanhola e especialmente do papel do movimento anarquista nela.

    Linkem a primeira referência ao mujeres libres no próprio post de vcs.

    A oposição entre nacionalismo e república não existe. A ditadura de franco tb era republicana. República se opõe a monarquia.

    A força para a manutenção das fronteiras está com base muito frágil. A Cataluña tenta emancipação há muito tempo e nunca conseguiu. Vcs tem que arrumar isso, seja derramando sangue, seja achando outro pretexto.

    A queda do socialismo e a distinção entre república democrática e rep federativa está fraca. Mas pode ser melhorada na etapa IV.

    No mais está ótimo!

    Parabéns!

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